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quinta-feira, abril 29, 2004

E eu continuo bem péssimo (tanto pior por minha inépcia gritante), mas ainda assim cometi minha primeira glosa.

Só assim, mesmo.

muito fox.


quero agora te chorar
para fora do meu peito
onde tudo a seu respeito
parece se demorar.

tua voz em toda parte
eu escuto o tempo todo
e imagino o tempo todo
que de onde ela parte
por meio de alguma arte
um dia eu posso chegar:
se eu pudesse te beijar,
ficaria muito claro
que tu és meu anteparo
e sem ti, só há pesar.

teu corpo quando balança
faz meu coração partir
toda vez que, ao partir,
na mais injusta balança
põe toda a minha esperança
de um dia te conquistar:
se eu pudesse te abraçar,
e deixar de lado o medo,
firme como o rochedo
ia o amor se mostrar.

teu olhar de longo alcance
que desnuda minha alma
e sugere em sua alma
prêmios para que eu alcance,
é o algoz de meu romance
e um dia vai me matar:
se eu pudesse te encarar
sem pensar que te ofendo
– logo a ti, de quem dependo! –
meu sofrer ia cessar.

tua presença já me basta...
não, eu minto: me tortura
e tua ausência é outra tortura
à qual quero dar um basta!
essa dor que me devasta
cabe a ti exterminar
ou não podes enfrentar
o que sinto a seu respeito
e que dentro do meu peito
parece se demorar?


Mote e Glosa by Lagarto
http://noas.blogspot.com

Mais uma tarde na espiral descendente


primeiro e terceiro momentos

a transformação


eu malho minha máquina
é uma parte de mim
está dentro de mim
estou preso a este sonho
que está me mudando
estou me transformando

o “eu” que você conhece andou mudando de idéia
ele está coberto de coágulos, está quebrado e dolorido
o “eu” que você conhece não vem mais pra estes lados
aquela parte de mim não está mais por aqui

toda a dor desaparece
é a natureza dos meus...
dos meus circuitos
que expelem tudo que ouço
não há fuga desta minha nova consciência

o “eu” que você conhece costumava ter sentimentos
mas o sangue parou de correr e ele foi largado pra apodrecer
o “eu” que você conhece agora é feito de fios
e mesmo quando estou bem ao seu lado, eu estou a uma distância tão grande

eu poderia tentar fugir, mas me atei a isto
eu poderia raspar meus ouvidos até que o som vá embora
eu posso ver que isto está matando todas as minhas partes ruins
EU NÃO QUERO OUVIR mas tudo está tão claro

escondido de trás para frente dentro de mim
eu me sinto tão corajoso

-----, me abrace um pouco mais forte
porque pode ser que eu simplesmente desapareça

não vou desistir
isto me quer morto
que se dane este barulho dentro da minha cabeça



intermezzo

eu não quero isto


eu estou perdendo terreno
cê sabe como esse mundo pode te detonar
eu sou feito de barro
eu temo ser o único a pensar desta forma
eu estou sempre caindo do mesmo morro o bambu perfurando minha pela e nada sangra de mim como a cachoeira na qual eu me afogo a dois pés da superfície eu ainda posso divisar tua face ondulada se eu te pudesse pelo menos alcançar talvez eu conseguisse sair deste lugar
eu não quero isto
eu não quero isto
eu não quero isto
eu não quero isto
não venha me dizer como eu me sinto
não venha me dizer como eu me sinto
não venha me dizer como eu me sinto
você não sabe como eu me sinto
eu fico em minha cama
vivi um número tão grande de vidas, todas em minha cabeça
não me diga que você se importa
na verdade não há nada lá fora, há?
e você saberia, não? você, que estende sua mão àqueles que sofrem, àqueles que sabem realmente qual é a sensação, àqueles que experimentaram como se isso significasse alguma coisa e oh como eu estou doente e talvez eu não tenha uma escolha e talvez isto seja tudo que eu tenho e talvez isto seja um grito por socorro
eu não quero isto
eu não quero isto
eu não quero isto
eu não quero isto
não venha me dizer como eu me sinto
não venha me dizer como eu me sinto
não venha me dizer como eu me sinto
você não sabe como eu me sinto

eu quero saber tudo
eu quero estar em todos os lugares
eu quero f---- todo mundo no mundo todo
eu quero fazer alguma coisa que importe



curiosamente a faixa 12 chama-se reptile.

Tem cabelo numa garota que flui para seus ossos e um pente em seu bolso, caso soprem os ventos. Listras em seus olhos quando ela anda devagar, mas seu rosto cai quando ela vai, vai, vai.

Lágrima preta caindo em minha rainha preguiçosa que tem uma teta tatuada escrito “número 13”.

Viva!
(Não quero olhos azuis)
La loma!
(Eu quero olhos castanhos)
Rica!
(Estou num estado... estou num estado... estou... num estado)

Coro no jardim na casa ao lado, onde uma avó trouxe da praia algumas canções. Garota de um metro e oitenta e pouco vai suar quando se ligar, parada em pé perto do fogo, quando eles acenderem o porco, em pé, em suas calças confortáveis, camisa toda pra fora, com uma teta tatuada escrito “número 13”.

Viva!
(Não quero olhos azuis)
La loma!
(Eu quero olhos castanhos)
Rica!
(Estou num estado... estou num estado... estou... num estado)

terça-feira, abril 27, 2004

Soneto do Intervalo N.º 2
(Soneto no estilo shakespeariano dodecassílabo ABBA/CDDC/EFFE/GG)

Tenho passado costumeiramente mal.
Tenho-me entregue a inquietas sensações
Tenho perdido-me em considerações
Das quais te venho finalmente dar sinal.

À tua vista falta-me o equilíbrio,
Gela-me o sangue e a coerência fica escassa;
O meu auto-controle, então -- vira fumaça
E nunca sei utilizar meu livre-arbítrio:

Será que vou até onde estás e me declaro?
E se a alegria de sonhar com o possível
Morrer diante de um olhar intransigível
E a de viver tornar-se um dom inda mais raro?

Por que não vens de vez curar-me da doença
Da qual padeço pela tua indiferença?...


domingo, abril 25, 2004

Flagrante exclusivo do processo de redação de um post deste blog cujo nome tem tido sua origem bastante discutida nos últimos dias

-- É sério. Eu fiquei uns 25 minutos editando o post abaixo.

Fim do flagrante exclusivo do processo de redação de um post deste blog cujo nome tem tido sua origem bastante discutida nos últimos dias

Que coisa.

Domingo, 23h26, eu pendurado na internet editando blogs, e o telefone melancólico, no canto da escrivaninha, me perguntando cheio de sorumbatismo porque é que só me sói usá-lo nesses horários indecentes.

As pessoas de bem já estão, nesse horário, dormindo, eu acho.

E mesmo se eu ligasse, mesmo se eu ligasse... as pequenas reentrâncias que fazem as vezes de bocal do meu telefone euroset 805 S da Siemens não seriam nada mais que um escoadouro de boçalidades: minha mente tem me abandonado freqüentemente, e, pelo que ouvi dizer, ela tem preferido ficar lá onde está meu coração.

E eu é que não me atrevo a ligar de novo lá para onde meu coração está!

Não agora.

Não hoje.

Não sei.

Mesmo.

Vi, me interessou, e vou sim, repostar quase sem alterações, logicamente fonecendo o link:

Não é à toa que o nome do novo álbum do Metallica é "St. Anger" (tradução: "Raiva Santa"). Falando ao jornal alemão Hamburger Morgenpost, o vocalista da banda californiana, James Hetfiled, disse que, nos últimos tempos, pensou "que ia matar alguém".
"Minha vida estava quase destruída", disse Hetfield ao jornal. "Eu sempre necessitava um certo nível de álcool e estava constantemente bebendo", completou. O cantor e guitarrista conta que uma das atitudes que o ajudou na luta contra o alcoolismo foi ele ter enfrentado sua raiva.
Passada a fase crítica, James Hetfield só quer saber de curtir o disco novo e dar rolês em seu carrão. "Carros são uma extensão de nós mesmos, e eu sempre quis ser grande e assustador", revela. "É por isso que eu dirijo um carro maior do que uma casa".


Site: Rock News 2003

Whatever, my hiney!

Suspendi o post que, segundo minha companheira de trabalho, ficou confuso.

Pelo visto, não dá pra fazer um roteiro quadrinístico prontamente inteligível aos não-iniciados ao modo HQ de ver o mundo (porque, dos iniciados, eu não recebi opinião alguma -- nem sei se algum me lê) em três ou quatro páginas do Word...

No lugar daquelas lúgubres lucubrações... ainda não sei o que pôr. Já é domingo pós-Fantástico, ou seja, só não pe oficialmente segunda-feira por um mero detalhe técnico. Amanhã (ou hoje?), se ainda tiver internet no serviço (por enquanto, ainda há "serviço"), providencia-se alguma coisa.

O peor (com "e" mesmo, de tão péssimo) é salvar o texto tão arduamente composto (em que pese a falha na consecução de seus objetivos) neste computador que está com algum vírus tipo "worm" vindo sabe-se lá de onde, que alterou muito incovenientemente meu setup.

Er, do computador, digo.

Tsc, tsc. Essas páginas de entretenimento adulto livre de ônus deveriam demonstrar maior respeito pelo visitante, ora pois.

E este post aqui, então, que ficou cheio de parênteses (desnecessários?)?

Quando a gente põe um ponto de interrogação entre parênteses, precisa por do lado de fora outra vez?

Vixe: por falar em pôr coisas pra fora, hoje (ou ontem?) eu e uma amiga vimos o ex-BBB e atual pelado Rogério Dragone num shopping de Osasco. O peor (eu sei escrever "pior", just in case, e também sei escrever pior, como bem ilustrou o post suspenso mais abaixo) foi entrar na loja em que ele estava e só perceber depois que ele saiu, quando o vendedor veio contar vantagem.

Observação supimpa do dia: o cara não saiu do BBB com uma mão na frente e a outra atrás? Então, agora ele tirou as duas.


...


Pô, nem uma risadinha de consolação?

sexta-feira, abril 23, 2004

Whatever.

quinta-feira, abril 22, 2004

Este era um post tão incerto quanto longo, que eu deixei vagar algo livremente à mercê de ondas de ficção e não ficção. Para que o eventual leitor não se perdesse, tais instâncias far-se-iam introduzir pelas iniciais F e NF, respectivamente.

Mas ficou tudo uma bagunça, e eu vou escrever de novo, e se não der certo eu vou aproveitar o espaço pra traduzir a letra do poperô que eu ouvia ainda há pouco, muito significativa, por sinal, do Kate Project : I Got To Believe.

Indeed.

segunda-feira, abril 19, 2004

Um soneto em flagrante desacordo com a teoria estabelecida, escrito durante o horário de jantar, mas retocado logo antes da postagem:


Licantropo
(Soneto petrarquiano dodecassílabo ABBA/ACCA/DDA/EEA)

Licantropia, eis a nova obsessão
Que muito longe ainda há de carregar-me:
Do ser humano, que me tenta além da carne
Tenra e do sangue a jorrar em profusão?

Reconheço-me, nas questões do coração,
Menos que apto, pois sei-me todo instinto:
Se fosse gente, interpretar tudo o que sinto
Custar-me-ia tanta dor? Seria em vão?

Luar cruel, que a cada ciclo em mim desperta
A besta-fera que procura a queda certa
E faz-me presa de mi'a própria ambição!

Em nada inovo ao mudar a minha forma:
Em pés ou patas, todo caldo se me entorna;
Lobo ou homem, é igual a solidão.


Aí tinha um fulano no espelho me observando com um milhão e cem mil expressões no rosto, e eu simplesmente olhei bem pra ele e mentalizei um milhão e cem mil palavrões, ao que ele abaixou os olhos, mas mesmo assim não derramou uma lágrima sequer.

sábado, abril 17, 2004

O que está feito, está feito, não há espaço para arrependimentos, nem motivo.

Sobra espaço, contudo, para Sting:


Te acalma, meu coração inquieto
Seria melhor manter-se em paz
Não é momento de abrir-se -- não agora
Uma lição, uma vez aprendida, é tão difícil de esquecer
Te acalma, meu coração inquieto
Ou serei tomado por um tolo
Não é saudável correr a este passo
O sangue corre tão vermelho pelo meu rosto
E eu fui a cada livro que eu conheço
Para aplacar os pensamentos que me castigam tanto

Eu afundo como uma pedra lançada no oceano
Minha lógica afogou-se em um mar de emoções
Pare antes de começar
Te acalma, meu coração inquieto

Restaure meus sonhos destruídos
Estilhaçados como um copo derrubado
Eu não estou pronto para ser quebrado -- não agora
Uma lição, uma vez aprendida, é tão difícil de esquecer

Te acalma, meu coração inquieto
Você precisa aprender a defender sua posição
Não é saudável correr a este passo
O sangue corre tão vermelho por meu rosto
Eu fui a cada livro que conheço
Para aplacar os pensamentos que me castigam tanto

Pare antes de começar
Te acalma, meu coração inquieto

Nunca estar errado
Nunca fazer promessas que se quebrem
É como cantar ao vento
Ou escrever na superfície de um lago
E eu me contorço como um peixe que se vê em terra seca
E luto para evitar qualquer ajuda à mão


Eu afundo como uma pedra lançada ao oceano
Minha lógica afogou-se num mar de emoções
Pare antes de começar

Te acalma, meu coração inquieto...



Eu não tenho outras palavras para nada do que sinto.

quinta-feira, abril 15, 2004

E muitas pessoas chegam ao noas procurando traduções de letras de músicas, e uma que curiosamente não sai da lista é Headstrong, do Trapt.

É curioso porque essa banda nem fez muito sucesso por aqui, apesar da Brasil ter tentado lançá-la mesmo antes da mudança de direção artística.

Vi pela net versões diferentes da letra, e não a tenho aqui pra ouvir e tirar a dúvida. Optei pela que está linkada acima, mas no refrão usei I'll take you on ao invés de we'll. Parece fazer mais sentido.

Quanto ao título, ao pé da letra daria algo como "teimoso", mas seria mais correto entender como "pessoa de opinião (=cabeça) forte", de atitude firme, destemida. Vou me limitar à tradução meia-boca por uma questão de economia.


Dando, dando voltas em sua cabeça
Contemplando tudo o que você já disse
Agora que eu vejo a verdade eu tenho uma dúvida
Um motivo diferente em seus olhos e agora eu estou fora
Até mais

Eu vejo sua fantasia,
Você quer fazer dela uma realidade pavimentada de ouro
Eu vejo por dentro, por dentro da nossas cabeças, sim
Bem, agora já era
Eu vejo seus motivos por dentro
E sua decisão é se esconder

Baixe a bola, eu enfrentarei você
Sou teimoso o bastante pra enfrentar qualquer um
Eu sei que você está errado
E não é este o lugar ao qual você pertence

Eu não posso entregar tudo
Eu não vou entregar tudo

Conclusões manifestas
Suas primeiras impressões têm que ser absolutamente as melhores
Eu vejo que você é um bo*** mas tudo bem
É assim que você joga, acho, (é assim que) que você passa todas as noites
Agora isso já era
Eu vejo seus motivos interiores
E sua decisão é se esconder

Baixe a bola, eu enfrentarei você
Sou teimoso o bastante pra enfrentar qualquer um
Eu sei que você está errado
E não é este o lugar ao qual você pertence

Eu não posso entregar tudo
Eu não vou entregar tudo

Eu sei, eu sei tudo sobre seus motivos interiores e sua decisão de se esconder



Música: Headstrong
Banda: Trapt
Tradução: Lagarto

Vou postar só pro Achilles me chamar de assassino de novo, mas logo de cara aviso que isso é só um... exercício.


Joaninha e Renatinho


Dezoito anos em abril de 2005. Um metro e sessenta e cinqüenta e seis quilos não pessimamente distribuídos. Olhos castanhos-mutante (mais claros ou mais escuros em consonância com seu estado de espírito), e longos cabelos pretos que, contrastados à pele bastante branca, geravam muitas comparações com uma vocalista de nü metal em voga na época.

Ela subiu no ônibus tarde da noite, e teve que tocar no braço do cobrador para acordá-lo. Era firme e quente, o braço, e essa percepção ocupou seus pensamentos enquanto ela entregava o bilhete escolar para o homem sonolento. Foi sentar-se no último banco da condução velha e mal-cuidada, deixando-se jogar para cima e para baixo, para um e para outro lado do banco sem acolchoamento, ao sabor dos buracos, curvas e freadas bruscas.

A avenida Vereador José Diniz correu por sob o coletivo e em poucos minutos Joaninha passava em frente ao Shopping. Minutos antes havia subido um garoto, sentado àquela altura uns três bancos à sua frente. Da sua idade, não muito bonito, ele tentava um pouco demais passar uma imagem de boyzinho, com a camisa de surfista branca com grafismos tribais pretos, a calça cargo preta e os tênis de cano baixo cheios de grafismos em branco e preto. As meias eram pretas. Os detalhes dos bolsos laterais da calça eram brancos. Não, não, um pouco over, ela decretou. Os cabelos castanhos dele faziam cachinhos.

Foi quando o ônibus passou como um boi raivoso em frente ao Shopping que ela olhou para baixo e percebeu que seu pulso havia ficado roxo por causa do apertão que ela mesma lhe imprimiu logo ao sentar-se. Inconscientemente havia comparado seu braço com o do cobrador, e viu-se possuída por um instinto sado-masoquista incontrolável, não encontrando cedendo ávida à vontade de apertar seu pulso esquerdo com toda a força que o punho direito fosse capaz de exercer. Durante o processo, uma espécie de satisfação, de saciedade, lhe sobreveio como no momento em que transpassou sua pele com um alfinete pela primeira vez. Apertou até perceber a cor fugindo das pontas dos dedos esquerdos. Sob a pressão de seus dedos a pele parecia mole e fria. Só então ela largou, e se pôs a fitar o borrão de prédios escuros que fazia as vezes de paisagem.

Joaninha chamava-se na verdade Emmanuelle, mas ganhara esse apelido por causa de um casaco vermelho com bolinhas pretas que usava na infância. Normalmente seu nome de batismo só encontrava alguma serventia no cabeçalho das provas, já que nem na chamada os professores pareciam fazer questão de usá-lo.

Naquela noite, desde que saíra da escola estadual onde cursava o segundo ano do ensino médio, nos arredores do Brooklin, em direção à casa onde morava com a família nas imediações do Jabaquara, por todo o caminho ela tentou chorar por Renatinho. A vontade de apertar seu pulso (poderia muito bem cortá-lo, chegou a cogitar) veio quando percebeu que não conseguia chorar, por mais que tudo aquilo lhe machucasse.

E tudo doía muito: afinal, eram quase dois anos amando em silêncio o arrogante moleque que, por sorte ou azar, não bastasse estar na sua sala, era sempre sorteado para os mesmos grupos. Segregada por seu estilo um tanto obscuro demais para os limites superficiais da moda corrente, nunca encontrou naquele ambiente ouvidos que lhe compartilhassem o peso do sentimento que ela acreditava sincero, apesar de ter ficado eventualmente com um ou outro rapaz em momentos de maior fragilidade.

Além do mais, ela nunca teria chance, teria? Pensou na pele cor de bronze do garoto dado a ressaltar seus atributos por meio de roupas possivelmente um ou dois números menores que o apropriado, e na tentação que era cada sorriso que ele lhe dirigia, pois que eram excelentes amigos, apesar de tudo que ela não lhe dizia. Todas as vezes que ela olhava em seus olhos castanhos, seu coração dançava ao ritmo de emoções feitas ainda mais intensas por sua relativa inexperiência, que projetava no rapaz o mais certeiro dos alívios para todos os seus muitos problemas.

Desceu do ônibus dois pontos antes, para desfazer na caminhada a expressão de angústia que certamente despertaria a fúria do pai eternamente bêbado e rabugento. Para piorar, era quinta-feira, para ele a primeira noite do final de semana, e era certo que as coisas não estariam tranqüilas.

Não estavam. Ela ouviu os gritos da esquina, e viu vultos tanto nas janelas da casa quanto na dos vizinhos, que certamente perderiam boas horas de sono mas não o assunto do dia seguinte. Deu meia-volta, primeiro andando, depois apertando os passos, e por fim correndo desajeitada e ruidosamente, sem saber muito bem porquê ou para onde, os cabelos um chicote preto a castigar-lhe a nuca.

Parou junto a um telefone público em frente à estação Conceição. Tirou do bolso com a mão trêmula um papelzinho com o número do celular de Renatinho, que ele mesmo lhe havia dado meses antes por conta de um trabalho escolar particularmente complicado. Ela nunca ligou, mas mantinha o papel consigo como um troféu, ou amuleto. Por segundos sua mente ficou em branco, e ela olhou sem expressão para os números que iam e vinham conforme sua respiração ofegante os empurrava ou trazia de volta. Discou antes de decidir que o faria.

-- Alô?

-- Rê?

-- Jô? Tá tudo bem? Cê tá com uma voz esquisita... Tava correndo?

-- Rê, eu...

-- Você...?

-- É que... cê tá ocupado? Olha, eu sei que é tarde, mas é que eu... er... Você chega a que horas amanhã?

-- No mesmo horário de sempre Joaninha, que que tá pegando? Resolveu me dizer aquilo que você sempre fica adiando? Pode falar, eu estou ouvindo.

-- Eu...

-- Jô, se você não me falar, as coisas sempre vão ficar meio esquisitas entre a gente. Você sabe que eu sou seu amigo, e que estou aqui pra ajudar você no que eu puder e...

-- Rê, eu...

-- Fala.

-- O cartão tá acabando. Preciso desligar. Depois a gente se fala. Tchau.

-- Não, Jô, não desliga, escuta...

Mas já era tarde, sua capacidade de compreensão foi reduzida a zero tão logo ele disse a palavra “amigo”. Insensível, como se tivesse sido anestesiada, ela desligou sem ouvir mais nada. Deu dois passos para trás e olhou para os céus carregados de nuvens, mas ainda assim iluminados por uma lua imensa e pontuados com estrelas eventuais, e nem se esses mesmos céus tivessem caído sobre ela naquele momento, ela poderia ter se sentido mais absolutamente esmagada pela impossibilidade de ser feliz ao lado de quem tinha o mais absoluto domínio de sua mente e espírito, ou teria sequer considerado a hipótese desses céus serem mais vastos que o infinito amor que sentia.

Adolescente, ridiculamente adolescente. Reconheceu-se assim e desistiu, uma desistência tão completa que nem se poderia dizer de quê. Olhou para a avenida, e cada carro parecia conduzir um pensamento, um artigo de revista, um livro, uma música, enfim, tudo que chegou a ela de uma forma ou de outra e ajudou a metamorfosear aquela estranha atração em um sentimento tão sério e definitivo. Em cada janela acesa dos muitos prédios ao seu redor ela via uma cena da longa história dos dois: um exercício de ficção, ou de interpretação, já que não foram poucos os sinais dúbios que ela captou no rolar dos muitos meses. Por fim, num ônibus cujo letreiro ela sequer observou, ela viu um destino. Jogou-se.

Batendo de frente com a grade, ficou assim suspensa por menos de um segundo, rolando em seguida para baixo do coletivo, sendo colhida primeiro por um, depois por outro eixo. O primeiro esmagou seu crânio e, tendo um de seus braços prendido-se à roda, arrastou-a por alguns metros. O braço desprendendo-se do corpo, restou ao pneu traseiro pressionar seu abdômen de tal forma que algumas de suas entranhas explodiram com certa violência. O veículo, momentaneamente sem controle por causa da confusão do motorista diante do vulto que saltou à sua frente (seus olhos se cruzaram por um último instante), parou menos de dez metros adiante. A longa trilha avermelhada no asfalto ainda estaria ali depois de muitas semanas.

Joaninha viu tudo de longe, ou pelo menos acredita ter visto. Assim que se desprendeu do corpo, foi conduzida por espíritos de aparência inenarravelmente horrível para o Vale dos Suicidas, de onde não seria resgatada ainda por muitas décadas. Ela e Renatinho não se reencontrarão por milênios, cada segundo dos quais ela contará como sendo um milênio em si.

Quanto ao garoto, ele por meses e meses corroeu-se por causa do acontecido. Casou-se com a namorada com quem já estava há mais de um ano, e teve três filhos, dois meninos e uma menina que chamou de Emmanuelle.

No fundo nunca se perdoou por não ter dito a Joaninha que sabia do amor dela desde o nício, e até o último de seus dias perguntou-se o que teria acontecido se tivesse confessado que não sabia o que sentia por ela, mas tinha medo de descobrir.


by Luis Lagarto
http://noas.blogspot.com

Uma mentira idiota ainda está entalada em minha garganta, e acho que isso não vai ajudar muito minha esofagite. O médico de didática excepcional se disse muito espantado com o resultado de meus exames, pelo pouco que citei de sintomas para tantas "-ites" acumuladas.

Osasco, por outro lado, tem um efeito calmante indescritível, potencializado talvez pela lógica inexistência de prédios na direção da rodovia cujo nome eu não lembro.

Encontrei hoje meu future place of abode.

Eu fui dormir e acordei ao som de St. Anger. Ontem andei até o Largo Treze com um amigo que se supreendeu ao perceber que me conhece há sete anos. Quando uma prostituta brega (artificialmente loira e vestida com uma calça colante azul, camisa branca e uma bolsinha ululante e vermelha, se não estou projetando sobre ela as cores da minha bandeira) atravessou o cruzamento imundo e compôs uma imagem significativa com a igreja fechada e escura ao fundo, ladeada por calçadas vomitando lixo e camelôs vendendo comida de procedência mais-que-suspeita, eu disse que aquele era o motivo de eu nunca mais ter ido ao centro espírita que eu costumava freqüentar até há pouco. Aquele quadro, eu digo, aquela imagem era eu.

Quando nos separamos eu decidi andar um pouco mais em meio ao lixo. A escuridão me fez bem. Eu suspirei umas três vezes, mas já tinha feito isso (suspirar dizendo um nome aos céus com voz suplicante) quando saí do trabalho, atravessando a ponte sobre o rio fedido, sendo seguido por um cachorro vira-lata muito bonzinho, que num primeiro momento parecia ter-se afeiçoado à minha pessoa. Mas ele também havia seguido outros, como depois eu soube, e isso me faz pensar que, na verdade, eu tenho mais pontos em comum com o vira-lata que ele comigo.

Eu passo o dia suspirando.

No centro espírita certa vez encontrei um senhor judeu, falante de iídiche e (um pouco) de russo. Muito do que ele falou, se não tudo, eu guardo comigo até este momento.

Eu preciso cada vez mais de um rabino, talvez seja isso.

quarta-feira, abril 14, 2004

Tem um filme do qual Keanu Reeves participou quando ainda era jovem, e que trata de um grupo de high school students lutando para encenar uma peça escrita por um garoto que comete suicídio.

Há muitos anos, era figurinha fácil na Sessão da Tarde, mas faz um tempo que não o vejo na programação.

Tem uma música de um tal de J. D. Souther, cantada por uma garota a capella, no palco, numa espécie de homenagem póstuma.

Eu vivi a letra dessa música, por esses dias.

Ninguém está livre.

terça-feira, abril 13, 2004

Kneel down before thy king, now:

Grammar God!
You are a GRAMMAR GOD!


If your mission in life is not already to
preserve the English tongue, it should be.
How grammatically sound are you?
brought to you by Quizilla


segunda-feira, abril 12, 2004

Está lá na Caixa Postal 1022:


Por trás de cada passo seu
Retratos e histórias
Vão lembrar que sempre estarei bem perto de você

Por trás de cada passo seu
Sempre escuto as ruas
Pra lembrar que um dia andamos juntos por aqui

Em tardes tristes eu pensei: Onde foi que eu errei?
Mais um dia ruim, andando só pelas ruas...

Se eu puder te encontrar,
Qualquer hora, em qualquer lugar
É onde eu vou estar



Os primeiros acordes parecem os de uma música do Raimundos. A letra é simples que dói, mas talvez por isso mesmo faça tanto sentido.

Este blog existe porque, seja por sua presença ou por sua ausência, todas as tardes são tristes.

quinta-feira, abril 08, 2004

E aí, em boa hora, no banner acima do meu blog, apareceu esse link para consultas com profissionais. Eles têm experiência em casa, digo, na Psiquiatria do HC, e são cognitivistas.

Fui conferir e achei uns testes bem interessantinhos. Descobri que posso ter agorafobia moderada, sintomas de pânico, mas não de crise, grau de ansiedade social ligeiramente mais elevado que o normal, e probabilidade considerável de ter algum TOC (transtorno obssessivo-compulsivo).

Saúde mental é uma coisa que está aí.

Imagino o quanto eles cobram a sessão?

Eu ia me esquecendo.

Nessa confusão toda de não saber bem o que dizer, eu posto algumas lyrics, esperando que elas transmitam melhor o sentimento, e, de vez em quando, vou além e posto alguns mantras: sons definitivos.

Isso aqui é para mim, neste momento de minha vida, um verdadeiro mantra. Fora de brincadeira.

E esta, também, a quintessencial, que resume tudo.

DISCLAIMER: Not for wussies.

quarta-feira, abril 07, 2004

Quem tem ouvidos de ouvir


Eu sou um homem de fatos.

Fatos, muito mais que sentimentos, ainda que eu os tenha em descontrole, para não dizer abundância.

Eu não entendo quase nada do que sinto. Incessantemente me dou mal por esse pequeno detalhe de minha constituição psíquica. Vou de um extremo a outro em busca de sentido para as coisas que sinto.

As rédeas da minha irracionalidade sentimental (sem paradoxos, aqui: não acho que sentimentos sejam por definição o oposto da razão, pura e simplesmente) são bem curtas. Assim como são curtos os espaços entre mim e aqueles que que convido a transpor a vaga ordem da minha aparência para dentro do caos que eu sou.

As rédeas emocionais curtas têm seus motivos. Eu odeio expôr meus motivos. Em última instância eu não sei -- muitas vezes -- quais são meus motivos. Eu sei algumas coisas. Quem eu amo. Onde eu quero morar. O que eu sinto quando escrevo ou leio algo que me importe. Mas não entendo o que sinto quando ouço certas músicas, ou quando vejo certas coisas -- paisagens, pessoas, linhas harmônicas ou desarmônicas.

Eu pensei que tinha envelhecido para além dos meus dias, em face de eventos recentes, mas me peguei, tentando explicar meus motivos a um amigo muito querido -- com quem eu havia me desentendido e ficado sem trocar palavras mais amenas por uns bons trinta dias (um período muito doloroso) -- me peguei sentindo-me imaturo e infantil diante de sua reação ao que eu tinha recém-feito.

Eu tenho um amor de irmão pelos meus amigos. Ou como quer que se explique isso. Carinho é uma palavra que não combina muito comigo. Me acho frio, já fui reconhecido como frio, e cruel, o que não sou, mas poderia ser, se quisesse. Eu sou o que eu sou, e isso quer dizer que eu sou um cachorro.

No sentido mais básico da palavra, porque entendo amizade como fidelidade incondicional e proteção. Se decido ver uma pessoa como amiga, essa pessoa pode esperar de mim essas duas características -- mas não sei se algo além disso. É algo próximo do que eu espero. Não gosto muito de me sentir protegido, mas não raro preciso. Carente de atenção, eu, como ela bem disse.

A poucos dou acesso irrestrito a algumas partes da minha vida. A pouquíssimos eu já cheguei a dar acesso irrestrito a todas elas. Talvez isso só tenha acontecido uma única vez.

Da qual eu nunca sei se me recuperei.

Ou talvez tenha acontecido mais de uma vez.

O fato é que, sobre os ombros destas poucas pessoas, eu jogo um peso considerável: acompanhar-me, quando elas acham que devem, na minha busca por compreensão dos meus sentimentos. Em tempos áureos (quando as coisas na minha cabeça faziam sentido), eu não fazia um trabalho dos piores como projeto de psicólogo. Seria uma qualidade, se não fosse, na verdade, indicativo direto da minha incapacidade de olhar para dentro. Aqui, em terra luisis, a objetividade e a observação não conduzem necessariamente a hipóteses dotadas de sentido.

É óbvio que, para além disto, não vou expor meus motivos. Eu não exponho meus motivos, menos ainda quando não os entendo. Meu pior defeito é cobrar dos meus amigos uma compreensão inata disso, ou seja, desses motivos que eu por nada desse mundo exponho, sejam claros ou obscuros, lógicos ou aparentemente incoerentes.

Quero apenas dizer que há questões exigem de mim, para que se chegue a qualquer sombra de conclusão, silêncio.

Nesta semana, um amigo soube respeitar meu silêncio, exercendo até mesmo seu direito de ser cruel comigo, o que importou pouco diante de pouco mais de meia-dúzia de palavras ditas da forma que eu precisava ouvir.

Outra, que me conhece mais do que percebe, preferiu encarar com o mais leve dos humores minha falha em honrar um compromisso ansiosamente antecipado que tão cedo, segundo ela, não deve se repetir.

Já a outro, por estar egoisticamente ausente, eu venho deixando a desejar, mais ainda por não conseguir lidar com o fato de que eu não necessariamente devo resolver sua situação, mas deixar claro que estarei perto quando e se a situação apertar. Algo simples, mas que eu não tenho capacidade de expressar.

Às vezes se pode ouvir ruídos do que me vai por dentro. (O horizonte... é distante e incerto.)

Eu não sou exatamente um expert na arte de expressar -- frente a frente -- sentimentos.

Por isso eu os mantenho, esses sentimentos, sob rédea curta. Faz mal, mas já me bastam os estragos causados por aqueles que eu tento liberar sob estrita observação e controle.

Por isso, também, é que eu preciso tanto aprender a tocar bateria, ou pelo menos violão.

Um dos meus princípios é que nem tudo na vida precisa o tempo todo ser dito.

terça-feira, abril 06, 2004

Eu de novo, sou eu de novo,
Eu não sou aquilo que o mundo todo quer ser?
Eu de novo, sou eu de novo!,
O último dos grandes fingidores, meu amigo.

Os peixes estão fora d'água.

segunda-feira, abril 05, 2004

Parece que o Blogger não quis que eu dividisse com ninguém a capa da SPIN de Junho de 1994, publicada logo após Cobain ter tido a coragem que eu nunca tive.

Para quem quiser tentar interpretar o olhar dele nessa foto, basta visitar a Mansão Oliveira e olhar para o armário do canto do meu quarto, ou então visitar esse link aqui.

Ah, a seleta galeria dos ídolos do rock que morreram aos 27... Hendrix, Joplin, Morrisson, Cobain.

Teria sido, no caso deles, medo instintivo (ou consciente mesmo) do retorno de Saturno? Todo meu respeito a Chris Cornell, Eddie Vedder e ao Mr. Foo Fighter, que ficaram pra contar história e administrar carreiras, não raro lidando com os pontos baixos delas.

Espero que o próximo (e muito necessário) Kurt Cobain sobreviva ao tal circo da mídia, cada vez mais cheio de palhaços.

domingo, abril 04, 2004

E daí que eu acho que a culpa pelo hematoma no meu esôfago não pode ser totalmente retirada dos agudos do Chris Martin.

E daí que eu sonhei que, no restaurante, minha amiga me levava até o outro salão, onde, na mesa dela, estava Alanis Morissette, simpatissíssima. Não sei porque cargas d'água, achei que o melhor cumprimento que eu poderia fazer à cantora seria chorar, como prova cabal de que compartilhava das emoções que são objeto de sua música. Assim sendo, me pus tocado à beira das lágrimas e saí da mesa como que incapaz de suportar aquela eclosão de sentimentos, não sem antes ver por entre os dedos que cobriam meus olhos marejados, a completa (mas simpática) confusão que estampava o rosto da canadense.

Na hora eu sabia que estava chutando para nunca mais uma oportunidade importantíssima, mas minha incoerência foi mais forte que eu.

E daí que hoje está chovendo cães e gatos, e eu queria lavar roupas, e assim o fiz, e agora elas estão todas lá, úmidas, carentes de espaço pra secar.

E eu me tornei um amigo muito ruim, agora que perdi por completo a coragem de falar de perto com quem quer que seja.

E não conta pra ninguém, mas eu acho que estou ficando disléxico.

sexta-feira, abril 02, 2004

Resumo da semana:

Sofrimento mais do que considerável.

Resultados questionáveis e/ou ainda a serem desdobrados.

Descobertas sombrias.

Sangue (uma quantidade razoável dessa substância).

Dor???

Formas radicais de enviar mensagens que não são sequer compreendidas, quanto mais respondidas da maneira que se espera.

Muita esperança de que as mensagens feitas indeléveis sejam compreendidas e respondidas, em que pese a inabilidade de expandi-las quando surge a oportunidade.

Tímpanos impiedosamente estuprados.

Algo de errado ocorre na casa do Noca.

Na casa do Noca, algo de errado ocorre.

O tempo de D-us, não o meu.

Não no meu tempo, mas no tempo de D-us.

quinta-feira, abril 01, 2004

seize the day
pull the trigger
drop the blade
and watch the rolling heads

Que saco.

Mais um momento da minha vida reduzido a uma música do Evanescence.

Assim não dá pra ser feliz.

Sim, meme:

"Memes (discretas unidades de conhecimentos, tagarelices, piadas, etc) estão para a cultura como os genes estão para a vida. Tal como a evolução biológica é guiada pela sobrevivência dos genes mais adaptados em um meio, a evolução cultural pode ser guiada pelos memes mais bem sucedidos."

Eu seriamente recomendo a leitura deste texto. É comprido, mas nunca mais se recebe ou repassa um forward, nem se ouve uma eguinha pocotó, nem se assiste a um bbb, com a mesma inocência, depois dele, e essa perda da inocência é fundamental para a sobrevivência intelectual de qualquer cidadão nesses tempos de hiper-informação.

São particularmente interessantes os tópicos:

- por que não conseguimos para de pensar?;
- por que nós falamos tanto?;
- por que nós somos gentis uns com os outros?;
- por que nossos cérebros são tão grandes?; e
- quem sou eu?

Para achá-los, entrar na página e basta rolar a tela para baixo, estão quase no fim.

Controversos? Certamente. Na exata proporção em que todo "consenso" tem algo suspeito.

Mas servem para meditar, pelo menos. Você, por exemplo: Tem consciência dos memes a que tem servido?

Mais chocante que a anterior, só mesmo esta notícia aqui. Oh! Eis que a música brasileira tem sua face alterada para sempre!

Será que "a família" acha que somos tão imbecis a ponto de não ter percebido?

Será que "a família" acha que somos tão imbecis a ponto de nos preocuparmos com isso?

Eu devo ser, já que estou aqui a serviço desse meme ridículo.

E os brasileiros consumiram R$ 25,8 bilhões a menos em 2003...

É só nesses momentos que eu me sinto perfeitamente integrado à realidade nacional.



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