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sexta-feira, agosto 29, 2003

Se você tem senha da UOL e se interessa por cultura estadunidense, vale a pena ler isto... e refletir seriamente sobre o que levou um artigo desses a ser escrito.

Muito seriamente.

Alvíssaras!

A contagem de piadas inteligentes recebidas por e-mail em 2003 acabou de subir de zero para um.

E olha que nem terminou agosto, ainda.

Um Dia da Caça...

A mulher está em sua máquina, costurando, quando chega o marido:

— Devagar, mulher! Assim você quebra a agulha.

A mulher o olha com cara feia. Ele continua:

— Cuidado, vira o pano pra direita.

Outro olhar de pura indignação. Ele arremata:

-- Genésia, pelo amor de Deus! Não viu que o cerzido da barra tá aparecendo?

A mulher, nervosa, responde:

— Quer parar com isso?! Eu sei costurar!

— Eu sei, meu amor. Eu só estou mostrando como você faz quando eu estou no volante do carro!


I - A Gente Nunca Muda

Eu quero viver a vida e nunca ser cruel
Eu quero viver a vida e ser bom pra você
Eu quero voar e nunca mais pousar
E viver minha vida
E ter amigos à minha volta

A gente nunca muda, não é? (Não, não)
A gente nunca aprende, não é?
Então, eu quero viver numa casa de madeira
Eu quero viver a vida, e ser sempre verdadeiro
Eu quero viver a vida, e ser bom pra você
Eu quero voar e nunca pousar
E viver minha vida
E ter amigos à minha volta

A gente nunca muda, não é? (Não, não)
A gente nunca aprende, não é?
Então, eu quero viver numa casa de madeira
Onde fazer mais amigos seria fácil

Oh, e eu não tenho uma alma pra salvar
Sim, e eu peco todo santo dia
A gente nunca muda, não é?
A gente nunca aprende, não é?

Então, eu quero viver numa casa de madeira
Onde fazer mais amigos seria fácil

Eu quero viver onde nasce o sol


II - Tudo Não Está Perdido

Quando eu contei os meus demônios
Vi que havia um para cada dia
Com os que eram bons nos meus ombros,
Mandei os demais embora

Se você alguma vez sentir-se negligenciado
Se você pensar que tudo está perdido
Estarei contando meus demônios
Esperando que nem tudo esteja perdido

Quando você pensou que tudo estava acabado
Você pode sentir à sua volta
Todos estão querendo um pedaço de você
Não deixe que isso te derrube

Se você alguma vez sentir-se negligenciado
Se você pensar que tudo está perdido
Estarei contando meus demônios
Esperando que nem tudo esteja perdido

Cantando, oh yeah...
Come on, yeah...
Nem tudo está perdido.


I - We Never Change
II - Everything's Not Lost
Band: Coldplay
Album: Parachutes
Tradução: Luis

Eu já fiz isso no meu outro blog, há alguns meses...

Como antes, eu continuo sem um "você" pra quem cantar essas e outras mais...

A gente nunca muda, não é?

A gente nunca aprende?

Quanto ao sonho com D. Ednilza, eu tenho uma explicação.

Isso aconteceu mesmo, há uns dez anos, quando eu tentei descobrir o telefone do Gus por meios... detetivescos.

Depois de horas de pesquisa (naqueles tempos nem se pensava em Internet como meio de comunicação de massa, muito menos aqui no Brasil), eu havia chegado a três ou quatro números possíveis e o único meio de saber qual era o certo era ligando.

Logo de cara passei pela tal situação: o bairro estava certo, e o sobrenome, e tudo o mais. Liguei. Uma mulher muto educada (percebia-se culta e distinta) atendeu, e eu fui logo perguntando pelo Gustavo, ansioso por surpreender meu amigo de faculdade. Era 1992, e eu o conhecia há poucas semanas, mas já havíamos nos tornado, como seríamos ainda por um bom tempo, quase irmãos.

-- Você quer falar com o Gustavo???
-- Sim, ele está?
-- Quem gostaria?
-- É o Luis.
-- Luis de onde?
-- Da ESPM.
-- ESPM?? Mas o que você quer com ele??
-- A gente estuda junto, há algumas coisas que eu queria perguntar pra ele.
-- Mas como assim, moço? Ele só tem oito anos!!

Bom, o resto adivinha-se.

O pior é que, quando eu finalmente consegui o telefone certo, meu amigo sentiu-se um tanto invadido em sua privacidade, reação que do alto dos meus 19 anos, e tendo feito tal pesquisa com sucesso uma outra vez, eu jamais cogitei.

-- Se você queria meu telefone, era só ter pedido.

Há um ano e meio que não falo com ele. Ontem, dia 28, foi seu aniversário, mas seus números parecem ter mudado.

Eu até tenho vontade de bancar o detetive de novo, mas os dez anos que separam um momento do outro pesam-me nos ombros.

E hoje eu acordei pensando que era sábado.

Fui dormir cedo, até: às 00h30 eu já estava nos pórticos do sono, e por entre uma floresta de cílios (olhos quase fechando), já podia divisar o manto negro e a pele branca de Lorde Morfeus, seus olhos como a própria noite, no fundo de cada um uma estrela solitária.

E ter com ele eu fui. Os sonhos, muitos e difusos, viraram fumaça na memória. Lembro-me de situações picarescas, como por exemplo ligar para a casa de uma pessoa no Sul do País, e a mulher entender loucamente que eu queria falar com o filho dela de cinco anos. Uma longa conversa depois, Dona Ednilza acalmou-se, mas nem tanto, e me pôs para falar com a filha dela. Pouco depois acordei, às 12h54, com toda a certeza do mundo quanto ao dia da semana: sábado, pois não?

Na verdade eu acordei pela primeira vez às 9h30, mais ou menos. Mas, pensei então, pra que levantar tão cedo num final de semana? Eu já não acordo cedo em dia útil, mesmo! (Esclareço: sofro de insônia durante a noite; meu horário de adormecimento gira em torno das 4 da manhã.) Logicamente voltei a dormir, e foi aí que sonhei com D. Ednilza.

Quando acordei de novo, alunos da UNIP Bacelar conversavam alegremente à minha janela. Minha rua, nos arredores da faculdade, é tradicionalíssimo local de estacionamento. As vozes eram jovens e despreocupadas, como sói a moçoilos e moçoilas de classe média alta, sem maior peso nos ombros que as provas e trabalhos do mês, e se o carro estará ou não disponível para a balada do dia. E isso não é uma crítica destrutiva: acordei feliz por ouvi-los, contagiado por sua alegria semi-sincera porquanto meio vazia.

E algo eles se propunham, cuja pena para a falha em sua realização seria dançar a “Boquinha da Garrafa” em duplas – mesmo que apenas um dos membros da dupla falhasse, ou outro deveria se comprometer a danças também: dois rapazes e duas garotas formavam os pares. Um dos caras soava um tanto ressabiado, mas acabou cedendo. E o papo assim continuou.

No espírito, imaginando qual curso seria esse com atividades tão pitorescas num sábado pela manhã, liguei meu computador e pus pra tocar Finger Eleven, Pantera, Xuxa e Audioslave, nessa seqüência, como forma pífia de comunicação com a galerinha: tipo, party on, I’m you DJ.

Às 13 horas e 17 minutos eu saí do meu quarto, saudado como de praxe pelo choro da minha cachorra, que é sempre a primeira a notar minhas movimentações e talvez a única que realmente se importe com elas no lugar onde vivo. Fui até ela, passando por minha avó, que em seu andador cuidava do almoço. Como de praxe, também, falei boa tarde, mas ela não
ouviu.

Quando passei em direção ao quintal, contudo, ela resolveu cumprimentar-me, e perguntar se eu não estava atrasado. Pra quê?, pensei comigo mesmo, rindo-me já que aquela estaria longe de ser a primeira vez que minha avó tomava um dia por outro. Era sábado, e meu descanso era merecido. Ainda bem que a dama de companhia da minha avó tinha vindo compensar a falta da semana anterior e...

...foi aí que eu percebi que ontem, quando eu fui dormir, ainda era quinta.

Estóico, acarinhei minha fiel companheira de quatro patas e voltei calmamente para o meu quarto, onde em recordes quatro minutos eu estava pronto para sair pro trabalho. Sexta-feira! Que diabos!

Assim começou a comédia de erros que o dia tem sido até esse momento.

Depois de cair em mim, e sair confiando nos destinos para cobrir em 30 minutos um trajeto que normalmente leva 1h45, eu:

1) Peguei o primeiro ônibus que apareceu em meu caminho. Isso foi bom.
2) Desci dez minutos depois em frente a um supermercado que tem banco 24 horas e ponto de táxi em frente. Isso foi muito bom.
3) Perdi mais cinco minutos apenas pra descobrir que meu cartão e a máquina não estava se falando naquele dia. Isso foi muito ruim.
4) Lógico, comi um pastel de pizza na esquina. Isso foi bom, já que nem café eu havia tomado.
5) Lógico, derrubei aquele pingo estratégico de olho na barra (!) da calça, queimando meu look. Isso foi péssimo.
6) Vaguei por quase quinze minutos atrás de outro banco onde meu cartão funcionasse, em vão. Isso foi agourento, nefasto, funesto. detestável e execrável, que são os adjetivos que o Aurélio usa para definir “ominoso”, a palavra que eu pensei em usar primeiro mas não sabia se existia em português.
7) Resolvi pegar um busão mesmo, fui pro ponto onde passa o velho Jd. Guarujá de todos os dias e...
8) ...comi um cheese-salada sem hambúrguer acompanhado de café com leite envelhecido, mas quente e de sabor interessante, ainda que indefinível e...
9) ... nem liguei pro ônibus que perdi assim que sentei no banquinho de plástico branco.
10) Perdi o trem, também, por 1 minuto ou menos, quando cheguei à estação.
11) Lá somente descobri que estava atrasado já mais que uma hora.
12) Fui abraçado pelos ventos mais frios que me lembro de ter enfrentado em São Paulo em pleno dia (mas isso foi bom).
13) Cheguei no escritório em que trabalho bombardeado por perguntas e pedidos e mal tive tempo de perceber, como noto agora, o quanto o ar aqui dentro está viciado, ou o quão alto eu fui obrigado a pôr o volume do meu CD player em vista do barulho ridículo que a maioria estava fazendo ainda há pouco (gritos – num escritório, grito! -- falatório simultâneo e contínuo, agitação generalizada).

E são apenas 17h06.

É longa a estrada até as nove e meia da noite, longa e obscura como todas as perguntas que se colocarão em meus caminhos como esfinges, sádicas, açoitando-me com chicotes de nove pontas (em cada uma delas uma possibilidade e uma armadilha). Mas, que fazer?, assim são todas as noites.

E assim são todos os meus dias.

O mais espantoso mesmo foi a certeza pétrea e inabalável que me levou a crer que hoje fosse sábado, sem que nem por um segundo eu cogitasse outra alternativa.

Que mais se passa na minha cabeça que tem por mote o mesmo absurdo?


quarta-feira, agosto 27, 2003

Frase no vidro traseiro de um carro de mano:

RESPEITO AS MAIS VELHAS
COMO AS NOVAS.

E a vida é assim.

Aproveitando que o assunto é esse, a reportagem principal é essa aqui.

Várias informações interessantes a respeito dos moços.

Não falei que eles estavam chegando com investimentos pesados por trás???

Pois é, as pessoas nunca me dão ouvidos hehe

Mas eu te disse.

Viu, rapazola!?!

Os netos rebeldes de Mick Jagger


A história que se conta por aí de que há "salvadores do rock" já deu o que tinha de dar. Ela foi repetida quando vieram ao mundo Strokes, White Stripes, Yeah Yeah Yeahs, Vines, Hives e uma leva de bandas que buscaram atingir o sucesso seguindo um caminho que foi mostrado pela primeira vez pouco depois de Elvis Presley dar sua primeira rebolada na tevê. As investidas de grupos recentes só provam que é ainda um senhor de 60 anos chamado Mick Jagger o mais importante dos messias.

O Kings of Leon, que vem sendo chamado de "novo Strokes" e, portanto, "novo salvador do rock", é uma das mais fulminantes bandas que apareceram sob tal estigma. Não tem culpa de que vejam nela a figura de quatro jovens profetas.

São roqueiros em sua mais honesta definição: guitarras cruas, vocais rasgados e solos desleixados que engrossam a massa de sons e letras nervosas.

A resposta à pergunta que se impõe para quem ouve o excelente Kings of Leon pode mandar a banda ao céu ou ao inferno. Afinal, quem escuta o disco do Kings of Leon e gosta muito é porque gosta muito do Kings of Leon ou porque gosta muito dos Rolling Stones? Não é fácil. O guitarrista Matthew Followill faz seus 'riffs' imaginando-se Keith Richards? E seu irmão, Caleb? Canta pensando o que será que Mick Jagger acharia de seus agudos?

O caso típico de transferência de personalidade artística involuntária não é o mesmo que plágio. Não há uma canção do disco que sequer raspe neste tipo de picaretagem. Mas a onipresença da banda de Jagger é tamanha que os próprios músicos deixam-se cair em atos falhos. A música 'Wasted Time' diz que eles "vivem como uns rolling stones". E Caleb solta outra em seu site que não deixa dúvidas. A melhor definição da banda, para ele, seria algo como "um Rolling Stones com um vocal diferente". Será que o cantor do Kings sonha em ser o sucessor do rei Mick?


JÚLIO MARIA
Jornal da Tarde, 26 de agosto de 2003.
URL: http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/08/27/var021.html

segunda-feira, agosto 25, 2003

Da Vida

Cansadíssima da própria vida, ela se apóia na parede e sua pele é como uma extensão das rugas e ranhuras da pintura antiga, talvez primeira e única da pequena casa geminada construída nos anos 20 ou 30, porta e janela numa fileira de portas e janelas de uma ponta a outra do quarteirão. Sua casa é a terceira, azul-bebê, como se adivinha onde ainda há tinta. Ela mora ali desde 1963.

A mão que toca a parede com uma suavidade quase paradoxal é grossa, mas as unhas estão bem-feitas, resultado ainda do escambo do dia anterior. Ela sempre fez bem cabelos, e em troca a vizinha de duas casas abaixo faz-lhe as unhas. Outra lhe paga em ovos (tem galinhas no quintal, que ironia), outra lhe costura vestidos como que está agora usando, na verdade um conjunto de mini-saia de cetim vermelho-carmim (reaproveitado de uma saia dentro da qual essa vizinha fez calar toda uma boite, tendo até mesmo a banda silenciado o jazz para que ecoasse no assoalho lustroso cada passo daquele monumento que nem em suas crises depressivas mais profundas sonhava com a decadência que os anos lhe trariam) e uma blusinha de chita com babados, muitos babados, nas mangas, na barra, na gola, por sobre os botões. A estampa que mistura azuis e marrons (os botões são brancos) ignora a sandália prateada de alças frouxas que sobem entrelaçadas até o joelho, e a bolsinha de crochê de um vermelho impossivelmente mais gasto que o do vestido.

Entre a blusinha e a mini-saia, pele, muita pele amarelada, onde se armazenam quilos esquecidos que os tecidos não contêm, e que transbordam e se multiplicam e fazem do umbigo à mostra uma pequena boca que se abre e fecha conforme ela respira com a dificuldade de quem fuma desde os oito anos incompletos. Seus imensos peitos geralmente arfam, num balanço irregular. Entre eles, quando se aproxima a vista, há pelinhos, o decote não faz questão de esconder três pequenas queimaduras de cigarro. Sutiãs são um luxo que ela não se admite.

Um pouco abaixo das estrias adivinha-se a calcinha de um algodão que... não, não se pode chamar de branco. O elástico espia por fora da costura, e vê-se que lhe pesam os meses (anos?), pois que já não cumpre função nenhuma. Sustentam a peça a saia e o pequeno cinto de couro branco de fecho dourado.

A dita sandália lhe disfarça bem as varizes e a depilação mal-feita, assim como a meia-calça desfiada (há um furo atrás, na coxa esquerda, bem em cima, mas a barra da saia o cobre quase por inteiro). Dos saltos de madeira carcomida, só o direito ainda é confiável, e por isso ao fazer pose ela sempre se inclina nessa direção. Agora, por exemplo, ela está com a perna esquerda dobrada um pouco para trás, o pé no degrau de entrada de seu casebre, brincando com a porta entreaberta que range com voz de bruxa quando vem de encontro ao seu calcanhar, e range outra vez quando ela a chuta para trás.

(Nesse abrir e fechar da porta entrevê-se todo o mofo da mobília barata adquirida em meados dos anos 70. E o bolor das paredes. E o gato idoso, preto e franzino. E o rádio, só AM.)

No meio da tarde, a alguns metros da agitação da avenida principal, ela espera pelos fregueses, novos ou de sempre: office-boys que pagam com vale-transporte ou refeição, um ou outro engravatado a fim de relaxar enquanto digere o almoço (estes, ao contrário dos garotos, jamais cogitam deitar-se com ela, atendo-se a interações fugazes de menor contato), velhos impotentes que se recusam a aceitar a passagem dos anos, e que geralmente a destratam quando não conseguem executar qualquer função. Nomes, nomes, ela já ouviu todos. Interessa-lhe o dinheiro no bolso.

Vez por outra aparece um homem gentil, um ou outro até bonito. Eles lhe chamam de “meu bem”, cheiram seus cabelos e elogiam o cheiro doce do condicionador barato -- nem reclamam do perfume de dois reais que ela passa entre um cliente e outro (não se pode passar o dia todo tomando banho, enfim). Um desses até a pediu em casamento, jurando que a tiraria dali. Ela sorriu e deixou que ele falasse. Embora menos bizarra que muitas (e ela conhecia muitas), essa era só mais uma fantasia. Ela já ouviu falar de algumas garotas cuja vida tomou esse caminho, mas no caso dela... Eles nunca voltam. E para que voltariam? Ali, ela sabia mais dos maridos que suas digníssimas esposas: seu colchão de molas era um confessionário, e ela assim foi receptáculo de muitas verdades, suficientes para sufocar seu desejo de juntar-se ao time desses milhões de pobres-coitadas.

Ainda assim, em 68, teve um que... não, melhor não pensar nisso.

A tarde passa de seu auge, e já dá seus primeiros sinais o fluxo de pessoas que saem do serviço. Mais moleques, mais janotas, menos velhos – esses vão para a sopa/novela/cama. Ela confere no espelhinho rachado sua maquiagem, cada vez mais pesada com o passar dos anos – e quantos anos! O cabelo em caracóis quase duros de tanto condicionador lhe cai sobre o rosto e por um momento parece ter movimento ou vida. A base, com o calor, se transformou em uma pasta, mas pelo menos cobre os buracos de suas bochechas. O arremate é com generosas aplicações de blush marrom. O batom vermelhíssimo lhe exagera os lábios e realça a verruga logo abaixo do nariz: “olha, eu não sou a cara da Marilyn?”, brinca ela com as amigas. No espelhinho, aparecem os pelos que saem da protuberância enegrecida, e eles brilham com a luz do sol. Arreganhando os dentes, vê que uma sombra vermelha lhes macula o amarelo. Batom. Ela limpa com os dedos, e no processo percebe que seu hálito poderia estar melhor... Mas como juntar dinheiro para fazer todas as obturações? Guarda o espelho, pega um chiclete, masca imaginando-se por isso mais interessante, já que não atraente.

Atraente... Delícia. Era assim que aquele tio a chamava. Engraçado quando a gente entende as coisas de um jeito diferente quando tem seis anos. Ainda mais em Rondônia, onde se vivia tão à parte do tempo, do mundo, de tudo.

E então dobra a esquina um provável cliente. Ela se apruma, limpa a garganta e prepara o inevitável, “vem, gatinho, fazer neném comigo, vem?” (ela já se cansou do “psiu”, batido). De peito erguido e vastas cadeiras balançando, ela vai ao encontro dele.

O que ela não sabe, nem desconfia, é que ela não existe, não como um ser independente. Ela é só um pensamento, ela e todas as suas companheiras.

É que minha cabeça, já de algum tempo, está uma zona.


(by Luis Lagarto)
http://noas.blogspot.com

sábado, agosto 23, 2003

Vixe!

Não deu, hein?

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sexta-feira, agosto 22, 2003

Outras bandas que eu tenho ouvido (apesar do pouco-caso que delas fez o bom e velho Hagrid, digo, Augusto):

- Nonpoint. Maravilhosa. Som pesado que, se não me falha a memória, oscila entre o metal e o grunge. Mas posso estar viajando, não se espante se mais tarde eu mudar este comentário. Têm três CD's lançados, e pelo que pude ouvir o melhor é o segundo, Statement. O último, Development, têm coisas muito interessantes tb, mas eu estou esperando pra ouvir em CD, já que as caixas do meu computador não fazem jus.

- Cinder. Muito boa. Som pesado, mas muito melódico. Letras que têm um quê de orgullo latino, tb. Por sinal, uma dessas duas bandas tem uma música chamada Orgullo. O Cinder tem uma chamada Consuela. Boa, vale a pena.

- The Used. Interessante, ainda que um tanto irregular. Vi um CD deles outro dia na galeria, o que me surpreendeu um pouco. Importado, claro, mas mesmo assim é engraçado dar de cara com um CD de uma banda com um som semi-comercial, desconhecida por aqui, numa vitrine. Será que alguém comprou e se arrependeu?

Aliás, nenhuma das bandas que eu citei neste e no post anterior (com exceção talvez aos Kings, que parecem estar chegando com investimentos consideráveis por trás) têm álbuns lançados no Brasil.

O que isso significa?? Ah: MP3 sem remorsos!!! Eu não sou obrigado a pagar R$ 80,00 por um único CD.

A mim, meu WinMX!

Kings of Leon faz um homem feliz no meio (final?) de uma tarde assim.

Tarde que nem é das piores, pra falar a verdade.

Mas, voltando ao KOL: americanos fazendo um som bom, graças aos céus!

É interessante quando a rádio que você ouve te respeita o bastante pra trabalhar bandas novas com sutileza e inteligência.

Veja como a Brasil 2000 está apresentando o Kings: primeiro apresenta-os nas sempre interessates (por um motivo ou por outro) Dicas do Vinil, ou nas dicas do TOP 20, aos finais de semana. Foi ontem que eu ouvi uma música inteira deles pela primeira vez no Happy Hour.

Depois eles começaram a aparecer aqui e ali na programação, com aquela introduçãozinha básica lida pelo locutor do momento, e muito esparsamente distribuídos, pra manter a curiosidade e o interesse.

Resultado? O link no início deste post, onde acabei de abrir a seção BIO, pra saber mais sobre os caras (ontem Kid Vinil dizia que eles são três irmãos e um primo). Se eu fosse responsável pelas estratégias de implantação de novos sons, eu me consideraria bem-sucedido.

Lógico, não se pode agradar a todos. Ainda não entendi muito bem o que cativa o público de rock brasileiro. Por exemplo, Trapt, que a Brasil tentou apresentar com o hit deles, Headstrong, não colou.

O que é uma pena. Trapt é legalzinho (entre outras qualidades interessantíssimas hehehe).

Anywayz. Eu tô mais pra Finger Eleven: Drag You Down, o big hit deles, é, no mínimo, tesones.

mariscador
mariscar
marisco
marisco
marisco-gigante
marisma
marisqueira
marisqueiro
marista
maritaca
maritacaca
maritafede
marital
maritataca
mariticida
mariticídio
maritimidade
maritimista
maritimista
marítimo

...só Aurélio mesmo pra saber o que é tudo isso.

Como assim, por quem os sinos dobram?

É óbvio que eles saúdam a chegada do weblog do Fernando!

Afrontas à natureza da inversão térmica que joga um véu cinza-avermelhado sobre o horizonte da city, em algum lugar ao norte jandaias felicitam-se por mais esta vitória em busca de uma representatividade eletrônica justa.

quinta-feira, agosto 21, 2003

Minhas guts me recriminam.

Por quê?

E não, não estou amando.

Como poderia??

Como??

Poderia??

Credit where credit's due.

Citei este C e este C.

E tem sempre a coisa da observação.

Solteiro, o radar apita feliz a cada avistamento de contornos, reentrâncias e saliências, ou mais ainda, de olhares e sorrisos, de andares e gestos esquecidos, lânguidos e desavisados, que roubo sutil como ladrão com décadas de treino, como tenho.

Eu poderia dizer que é isso que ocorre com a Situação Como Assim (SCA).

E o que vem a ser um Como Assim?

Simples: Como Assim é toda aquela pessoa que nos senhoreia os sentidos quando passa, transportando-nos por alguns segundos (minutos? anos?) para um reino de perfeições físicas que deveriam ser impossíveis, mas não são, já que você é abençoado o bastante para tê-las ao alcance dos olhos.

Uma Pessoa Como Assim (PCA), se se digna a te reconhecer a existência, numa mirada te reduz a quase nada, pois que despe desdenhosamente todo o desejo que te açambarca àquela acariação com uma prova viva da Excelência Divina. E ela se sabe essa prova viva, como declara o indefectível sorriso de Mona Lisa, quase um ricto sarcástico.

Uma pessoa Como Assim tem hábitos tão insondáveis quanto imprevisíveis, e está lá quase que exclusivamente em momentos inesperados. De nada adianta novena, promessa ou mandinga; de nada adianta fazer tocaia nos lugares em que você sabe que a pessoa freqüenta -- ela se materializa por razões próprias, mormente quando detecta suas fraquezas, como se lhe fosse esporte dos mais divertidos observá-lo transtornado e imóvel diante da força que ela emana com seus gestos que desenham no ar um tipo de felicidade que talvez nem devesse ser deste mundo. Uma pessoa Como Assim é um cometa errante, um fenômeno tão incerto quanto rodeado de presságios, lendas, maravilhas, augúrios e desdobramentos arcanos, herméticos, indecifráveis aos não-iniciados. Uma pessoa Como Assim é um mistério, no sentido mais sagrado do termo.

Uma pessoa Como Assim tem atributos físicos passíveis de definição exclusivamente pelo uso de interrogativas: que boca é é essa? O que ela diz, antes e depois de um beijo? Que meio-sorriso é esse? Que cheiro tem esses cabelos, que textura, que resistência? Que pernas, Deus meu, que pernas são essas? E os braços? E os peitos? Hein?? E esses contornos todos, que lei da física desafiam pra me roubar o chão toda vez que se movimentam? Como assim, essa pessoa existe? Como assim, ela está assim, tão ao meu alcance?

Como assim, ela sempre passa por mim sozinha?

Pessoa estranha, dizem... De veneta... Mas não somos todos? De perto, ninguém é normal.

Uma pessoa Como Assim é apenas uma pessoa, eu sei. Um ser humano como qualquer outro, que vai ao banheiro e que precisa tomar banho todo dia (ah, ser um sabonete...). Que seja! PCA's são também um veneno anti-monotonia, nas palavras de um de meus mestres. Um muito necessário antídoto à modorra que chupa-me a alegria como um mata-borrão.

Onde trabalho há muitas pessoas e situações mata-borrão: que alegria? Que vida?

Mas há também, perdidas pelo prédio, três pessoas Como Assim, e hoje, quando eu menos esperava, eu vi a mais fenomenal delas.

Como assim, Deus meu?...

Como assim...

Já pensou se de repente...? Não seria a primeira vez...


(significativo suspiro)

O engraçado de momentos de solteirice compulsória prolongada é o direito à multiplicidade de interesses sexuais-afetivos.

Estava aqui com meus botões contabilizando situações... e a conta é menos decepcionante do que a dor no meu peito me quer fazer acreditar.

O problema é a irritantemente constante ausência de conexão. Espiritual, bien entendu, que aquela outra conexão é facílima de conseguir, aqui, ali, acolá, qualquer que seja o ângulo descrito pelos braços curto e comprido daquele instrumento de tortura que só se lembra de correr quando se avizinham prazeres.

Chove na minha horta... mas que sementes plantei, em vista do que ando colhendo?

quarta-feira, agosto 20, 2003

"Atire o quanto quiser
Nesta cabeca cinzenta,
Mas poupe minha casa!"
Disse a voz lamurienta.

E não é que existe outra pessoa na face deste mundo que ainda se lembra disso???

Esta página aqui é visita obrigatória.

Vácuo Com Ar: Simplesmente... um luxo.



(apesar do .ar)

Toda nudez será bem-vestida.

Ferreira Guimarães.

terça-feira, agosto 19, 2003

Não, eu nunca posto uma letra de música por acaso.

Sim, eu poderia fazer isso o dia inteiro.

Como não se ver refletido nas letras de uma banda que bebe nas fontes amargas do inigualável Alice In Chains? Ou no lirismo atualmente sem paralelos desses inglesinhos que parecem fazer da vida com um coração entregue/partido/entregue de novo uma forma de arte -- literalmente?

Não, there's nothing one can do about it.

Eu poderia postar músicas aqui o dia inteiro, e ainda assim não falar tudo o que sinto que preciso.

Aproveitando o ensejo:


Eu adoro o jeito que você olha pra mim
Eu sinto a dor que você situa por dentro
Você me tranca em sua jaula suja
Bem, estou sozinho em minha mente
Eu gosto de te ensinar todas as regras
Eu consigo vê-las como se estivessem gravadas numa rocha
Eu gosto quando você me acorrenta à cama
Mas, até aí, os seus segredos nunca aparecem

Eu preciso sentir você -- você precisa me sentir
Eu não posso te controlar -- você não é a pessoa certa pra mim -- não!
Eu não posso te controlar -- você não pode me controlar
Eu preciso sentir você -- então porque diabos há um "você e eu"??

Eu gosto da maneira que você arranha minha pele
Eu sinto o ódio que você situa por dentro
Eu preciso tirar sua voz da minha cabeça
Porque eu sou o cara que você jamais encontrará
Eu acho que você sabe todas as regras
Não há expressão no seu rosto
Eu espero que um dia você me liberte
Me solte de sua jaula suja

Eu adoro o jeito que você olha pra mim
Adoro o jeito que você estapeia meu traseiro
Eu adoro as coisas sujas que você faz
Eu tenho controle sobre você

Eu preciso sentir você -- você precisa me sentir
Eu não posso te controlar -- você não é a pessoa certa pra mim -- não!
Eu não posso te controlar -- você não pode me controlar
Eu preciso sentir você -- então porque diabos há um "você e eu"??
Você não é a pessoa certa pra mim -- não!


Banda: Puddle of Mudd
Música: Control
Álbum: Come Clean

Você disse: eu vou comprar esse lugar e botar fogo nele
Eu vou enterrá-lo sete palmos abaixo da terra
Eu vou queimar este lugar e assisti-lo cair
Fique ao meu lado, baby, perto das paredes desabando
Oh, eu vou comprar esse lugar e começar um incêndio
Fique aqui enquanto eu realizo todos os desejos do seu coração
Porque eu vou comprar esse lugar e assisti-lo queimar
E fazer a ele como paga todas as coisas que ele fez a você

Você disse: eu vou comprar uma arma e começar uma guerra
Se você me disser algo pelo que valha a pena lutar
Oh, eu vou comprar esse lugar, foi o que eu disse
Ponha a culpa no sangue que subiu à cabeça

Querido/a, todos os movimentos que você está começando a fazer
Me vêem desabar e cair de cara no chão
E eu sei que os enganos que cometi
Vêem tudo desaparecer sem deixar vestígio
E eles me chamam enquanto continuam a te atrair
Eles dizem “comece” enquanto você precisa continuar seguindo
Comece enquanto você precisa continuar seguindo

Disse que eu vou comprar esse lugar e assisti-lo sumir
Fique aqui ao meu lado, baby, assista ao brilho alaranjado
Alguns vão rir, outros vão sentar e chorar
Você só fica aí, sentado/a, imaginando a razão

Então eu vou comprar uma arma e começar uma guerra
Se você me disser algo pelo que valha a pena lutar
Eu vou comprar esse lugar, foi o que eu disse
Ponha a culpa no sangue que subiu à cabeça
Oh, pra cabeça

Querido/a, todos os movimentos que você está começando a fazer
Me vêem desabar e cair de cara no chão
E eu sei que os enganos que cometi
Vêem tudo desaparecer sem deixar vestígio
E eles me chamam enquanto continuam a te atrair
Eles dizem “comece” enquanto você precisa continuar seguindo
Enquanto você precisa continuar seguindo
Enquanto você precisa continuar seguindo

Então me encontre ao lado da ponte
Encontre-me perto do caminho
Quando é que eu verei esse rosto bonito de novo?
Encontre-me na estrada
Encontre-me onde eu disse
E ponha a culpa de tudo no sangue que subiu à cabeça


Coldplay
A Rush of Blood to the Head, do álbum com o mesmo nome.

Ah.

Joyce Eh um dos motores da minha existencia. Um alvo inatingi­vel?

Nao sei se basta dizer que morrerei feliz depois de ler Ulysses.

A ele nao bastaria, nunca.

"Percebe, meu caro, o que posso fazer de suas ideias quando voce mas apresenta?", disse ele a um amigo certa vez. Joyce sabia que nao era capaz de ter ideias ele mesmo -- interessante como ele nao se cobrava isso, aparentemente -- mas sabia tambem que como ninguem ele era capaz de captar e fazer florescer, delas, todo o potencial.

Mas, me pergunto, nao eh preciso estar no lugar certo e no momento certo pra que se possa fazer esse potencial acontecer?

ONDE DIABOS EH O MEU LUGAR, ENTAO?

Quando virah o meu momento?...

Ah, acho melhor parar de ouvir Coldplay...

Na percepcao do potencial das coisas mora um cantinho do de um reino cai­do.


(sem acentos porque o blogger se recusa)

Recomendável, também, a Bomba Inteligente.

Só pra dar um toque feminino à coisa.

É exasperante a proliferação de blogs de inquestionável valor lingüístico.

Toda vez que visito um blog português me surpreendo com a madureza no trato da língua, que é, para eles, verdadeiramente tesouro nacional.

O que é a língua portuguesa para nós brasileiros? E pra mim, então??

No wonder my innermost thoughts come about in James Joyce's mother tongue, when they come. For some reason I can't claim Portuguese as my own language, if you know what I mean. Granted, I gotta use it because everyone around me makes use of it, and we gotta live in society and interact with people and all that, but, fuck -- it's frustrating. Really.

Am I the only one who sees in this language the beauty it impairs to each and every word and sound? The images? The strength?

I can't speak -- let alone write! -- Portuguese like the Portuguese. What's the point, then? Why bother? And this is an honest question I'm asking here.

Pra entender melhor o que digo, basta uma visita ao blog mais famoso de Portugal, O Meu Pipi. Você vai gostar muito de fuçar nO Meu Pipi. Sim, O Meu Pipi é o maior e...

...

Bom, tem também este outro blog de nome impublicável, tão bem escrito quanto o citado acima. Abundantes citações em francês e inglês flutuam num mar de ironia e sarcasmo como... bom, como o produto resultanto daquilo a que o nome do blog alude.

Ainda sobre o Pipi, em que pese o machismo irritante e muitas vezes pedante, além da intrinsicamente suspeita insistência em exercícios quase obsessivos de auto-afirmação viril, quando o gajo se põe a escrever sonetos, rapaz!

Ele tem -- mesmo -- talento.

segunda-feira, agosto 18, 2003

E então, eu penso,

quando virá o blog do Fernando?

Teremos que nos contentar, até lá, com o Animagote?

Enquanto isso, dentro da minha mente....

- Como assim não posso falar do Pantera nesse momento?
- Não.
- Mor de que, uai?
- Não pode. Não deve. Não é apropriado. Foge inteiramente ao tom dos comentários anteriores. Não cabe no momento.
- Fuck you, you tight-assed constipated son of a gun!
- Tsc.
- Pantera RULES!
- Tsc, tsc.
- Fuck you.

Cara, tem hora que eu não agüento meu superego.

E eu acabei de falar ao telefone com o Augusto, e daqui a pouco ele vai ler tudo isto, e eu só devo acrescentar que o comentário que eu citei está mais abaixo.

No momento, sói voltar à sexta-feira última, quando eu bracejava em semi-desespero jogado de um lado a outro num mar de templates revoltos.

Num momento de descanso, fui cumprir meu ritual quase diário, e nos últimos tempos muito negligenciado por motivos de força maior (ou força nenhuma, de minha parte, pode-se dizer), de dar aquela olhada básica no blog de minha amiga manauense Lisa.

Pra quem não sabe, sou um cara que se desacredita consideravelmente. Traduzindo: em se tratando de mim mesmo, tenho lá minhas dúvidas. Relacione aí essa frase a um assunto, qualquer assunto, e você vai estar certo. Qualquer assunto mesmo.

Anywayz, decorre disso minha enorme surpresa pelo post que encontrei , com link pro meu on-line shrink e tudo.

Tava assim:

Lista. ( musica eletrônica )

Para o Luis, para ele baixar todas. Promessa é dívida.

. Pile - World record holder
. Swayzak - Make up your mind
. Chlöe - I hate dancing
. Herbert - Going 'round
. Herbert - The audience
. Luomo - Synkro
. Ricardo Vilallobos - 808 The Bass Queen (Queen Of Bass Mix)
. Herbert - Back to the start
. Delay 05 - Untitled
. Dot Allison - Hex
. Erlend Oye - The Talk
. Erlend Oye - Symptom of desease
. Dot Allison - Substance
. Télépopmusik - Love can damage your health
. Télépopmusik - Yesterday was a lie
. Dot Allison - We're only science
. Dot Allison - Make it happen
. Matmos - Spondee

Fiquei e estou ainda muito sem palavras. É exagerado agradecer pela consideração? Fica formal demais? Não sei... Mas não vou entrar no assunto, que, como falei, aqui não é lugar pra isso.

Comento, então, o seguinte:

Matmos, Pile, Chlöe, Delay 05, Luomo, Ricardo Villalobos e Swayzak, esses o WinMX não quis disponibilizar pra mim, não.

Tem duas do Ricardo (é sempre de muito bom tom expandir toda e qualquer referência que nos chegue, né não?) que eu comecei a baixar, mas que não dá ainda pra ouvir nem um pedacinho. O legal é que, por meio do nome dele, cheguei ao Sven Vaeth, que eu já conhecia de nome mas nunca tinha ouvido. Peguei Trippy Moonlight e gostei muito.

Do Swayzak, consegui uma que a Lisa não citou -- é um bootleg (= mixagem simultânea e/ou sobreposta de duas músicas, prática bastante difundida pelos peer-2-peer da rede), ou seja, talvez não o melhor primeiro contato já que eu não saberia qual som é de quem na mixagem. Ainda não ouvi.

Fiquei triste por não achar a do Matmos. Meu, eu sou um estudante de Letras! Meu futuro bacharelado será em Língua Inglesa e respectivas Literaturas. Sabe o que siginifica uma música chamada Spondee pra um estudante de Letras???

Significa reviver as aulas de Introdução à Poesia do John Milton hehehe.

Eu gosto dele.

Aí tem o Herbert. Lógico, depois de afastar o Vianna da cabeça, você ainda fica esperando "ouvir" um cara. Peguei "The Audience", chique, vocal feminino, com um je ne sais quoide lounge. Preciso ouvir mais vezes, pra captar outros elementos. 8/10.

Quando pus pra tocar The Talk, do Erlend Oye, meu irmão de 16 anos estava no quarto, de passagem. Bom, esse meu irmão é meu oposto, musicalmente. Odeia rock, tem tolerância limitada à música eletrônica em geral, e se esbalda mesmo com grupelhos de pagode e axé (e funk!!!), forró e músicas de capoeira. Qual não foi minha surpresa quando, no sábado, ele veio me mostrar Like Humans Do, música do David Byrne (!!!) que ele achou no Media Player do computador do Sr. meu pai, e que ele havia gostado muito.

A surpresa só não foi maior do que quando ele, certeiramente, achou semelhança na estrutura e, acima de tudo, no vocal das duas músicas. Meu irmãozinho, numa demonstração inesperada de perspicácia musical!! Concordei, todo orgulhoso. É interessante, o paralelo. Terá sido proposital? 7/10.

Estou escrevendo muito, eu sei, mas deixei por último as que mais me surpreenderam.

Dot Allison. Electro music, eu creio? Qualquer que seja o rótulo, esse som é totalmente maravilhoso. Só não ouvi We're Only Science (11/10) pela quarta vez seguida porque já era madrugada de hoje, eu eu tinha que dormir pra vir pro trabalho... e ainda faltava ouvir Hex (9/10) e Make it Happen (8/10) de novo, pra sentir as diferenças. Lógico, ainda preciso ouvi-las muito mais, pra que minha opinião (não-solicitada, por sinal hehe) tenha qualquer fundamento. Mas We're Only Science já entrou direto pro meu panteão...

...assim como Télépopmusik. Já havia ouvido falar desse projeto (ainda chamam grupos de música eletrônica de projetos?) há algum tempo, mas por mil motivos não fui atrás... Rapaz! Como diria meu irmão, tô bobo até agora. Como assim? Como assim?? Viajei quilômetros enquanto ouvia, e quando voltei tive uma conversa séria com meu coração hard rock pra explicar pra ele que ainda tem muita coisa boa rolando na cena eletrônica, e que por isso não posso abandoná-la em definitivo, como tenho -- em termos -- cogitado.

É difícil às vezes conciliar Puddle of Mudd, Coldplay, System of a Down e Pantera com sons como esse, mas maravilhar-se é preciso. Compartimentalizar não é preciso.

Lisa, valeu pelos bons momentos,

e muitos beijos, com todo o respeito.

Em tempo:

Usar a palavra genitor livra-me do desconforto que me traz a palavra "pai", substantivo masculino de significado consideravelmente descaracterizado pelas experiências acumuladas com aquele que designa tal papel nesta minha presente existência.

Por outro lado, inevitavelmente remete-me à Lisa, de quem falarei num segundo, e cujos ecos me parecem um tanto presentes no post anterior.

Esse ninguém merece poderia tanto ser coisa do Pedrinho quanto dela.

Aliás, os dois deveriam travar contato, acho que se dariam muito bem -- e não apenas pelo gosto musical diferenciado. Afinal, deve-se ao Pedrinho qualquer simpatia que eu possa ter hoje pelo tal do electro. Se ele não tivesse me emprestado a fenomenal compilação American Gigolo, até hoje pra mim electro seria apenas e tão-somente Caroline Hervé rindo antes da hora do cadavér do velho Blue Eyes. E olhe lá.

Sim, Miss Kittin estampa em sua carteira de habilitação a alcunha acima. Em minha mente, contudo, é Mosskitim, e ponto.

O que a Lisa fez por mim, musicalmente? Hm. Próximo post.

E clique na palavra electro aí em cima, tem um artigo interessante do outro lado.

E eu achei por bem conversar com o genitor dos indivíduos broncos e/ou curtos de inteligência:

oximoro (cs...ô). [Var. de oximóron < gr. oxymóron.] S. m. E. Ling. 1. Figura que consiste em reunir palavras contraditórias; paradoxismo. Ex.: silêncio eloqüente; "covarde valentia" (Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, p. 47); "valentia covarde" (Antônio Feliciano de Castilho, Amor e Melancolia, p. 315); "inocente culpa" (Cecília Meireles, Obra Poética, p. 487)

Mas aí ele falou também:

oxiúro (cs). [De ox(i)- + -uro; tax. Oxyuris.] S. m. Zool. 1. Gênero-tipo da família dos oxiurídeos, que compreende vermes filiformes, brancos, tendo o macho cerca de 3 a 5mm de comprimento, e a fêmea, de 9 a 12mm. 2. Qualquer espécie desse gênero, como, p. ex., a Enterobius vermicularis ou a Oxyuris vermicularis. 3. Qualquer espécime desse gênero.

E eu me lembrei porque tenho lá minhas pendengas com a língua das portuguesas.

Ninguém merece pensar em oxiúros no meio da tarde.

E ainda no tocante a amigos com blog, eu vi uma pessoa emocionando-se com o que escreve Salvine em seu Ah, Vida Mundana e Sem Chão.

Eu comentava sobre blogs com essa pessoa (é grande o número de pessoas que ainda não foram tentadas pela possibilidade de publicação on-line instantânea), e lá pelas tantas, quando ela me perguntou se eu já tinha aberto o meu (este aqui estava em fase de implantação, digamos) sugeri o da Salvine, já que meu outro on-line shrink é um tanto... pessoal demais, se me perdoam o oximoro implícito.

Minutos depois, ela olhava pra mim com olhos indisfarcávelmente vermelhos, marejados.

Tudo porque Salvine enganou Danuza Leão.

Pois é.

A vida é assim.

E não deixa de figurar como boa medida a hipótese de setorizar meus assuntos, como fez o Augusto.

Resistirei, enquanto possível.

Aliás, ô Augusto...

Manquei com você, meu filho, ou pelo menos assim é como me sinto. Mas eu estava realmente destruído, e colapsei de tal forma que só voltei a mim mesmo hoje cedo.

Mais ou menos.

Forgive me.

Segunda-feira.

Um dia que, por descuido, deixei que começasse torto.

Mas isso não é assunto pra esse blog, e sim pro outro.

E 1.130.400 segundos me separam do início oficial do final de semana, ou seja, sábado, às 6 da manhã.

Detalhe é que, a julgar por este último... eu deveria me animar??

sexta-feira, agosto 15, 2003

Ah, melhor.

Hm, não, eu não estou feliz com este template.

Por sinal:

Inglês,
Iídiche e
Russo

são línguas que eu amo.

segunda-feira, agosto 11, 2003

O mais engraçado em ter um blog em português é que dá uma sensação de total multiple personality disorder.

E o que é falar em uma língua ou em outra?

Em grande parte, é inscrever-se numa cultura, num universo de valores e pontos de vista, numa forma diferente de organizar experiências, conhecimentos, enfim, tudo aquilo que nos faz humanos (=animais racionais). Tudo o que vivemos ou pensamos passa pelo crivo da linguagem. Tudo o que sentimos é filtrado por ela, assim como tudo o que entendemos e reproduzimos (somos grandes focos reprodutores de idéias, como pequenas estações ambulantes de rádio/tv).

A língua é fator central nesse processo de organização de experiências.

Afinal, se uma língua (inglês, português, iídiche, russo) reflete uma cultura (americana ou inglesa, brasileira ou portuguesa, judaica, russa), ao escolher uma delas você necessariamente se inscreve em uma determinada formação discursiva que vai influir decisivamente nos seus pontos de vista, já que cada língua "recorta" a realidade de uma maneira bem específica.

Daí a sensação de desintegração quando você se expressa em diferentes línguas ao mesmo tempo. O que importa em uma parece irrelevante em outra. As emoções não tem o mesmo peso; o que tem impacto/comicidade/drama profundo em uma, é nada em outra. Mesmo fatos mudam ao sabor do idioma. Como saber o que é o quê?

God knows. Por isso recomendo, se você for bilíngüe, que leia também o underdosed.

Muito provavelmente, o que tiver por lá não terá por aqui, e vice-versa.


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